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A Doutrina das Assinaturas das plantas no Hoodoo

A Doutrina das Assinaturas, pra quem não sabe, é a idéia – vulgarmente definindo – na qual a aparência externa e elementos constituintes de uma planta seriam indicativos para as propriedades curativas da mesma. É sabido que essa ideia tornou-se um conceito mais popular graças ao trabalho do médico, alquimista e filósofo Paracelso. Contudo, é possível supor que tenha sido exatamente essa ideia que tenha fomentado descobertas de usos medicinais – e na Magia – para plantas, num passado muito anterior à publicação do trabalho de Paracelso, no século XVI. Afinal, o homem sempre se aventurou nos usos das mesmas para esses fins.

É claro que hoje ninguém vai sair por aí tomando chás para curar patologias baseando-se unicamente nesse conceito. Tal atitude, quando não se apresenta como ineficaz, pode até ser perigosa. Levando o enfermo a uma piora do quadro patológico, e até mesmo ao óbito. Mas, vale dizer, que muitas dessas aplicações medicinais e saberes populares de outrora são, hoje, corroboradas pelas pesquisas científicas.

Quanto à aplicação da ideia inerente à Doutrina das Assinaturas na Magia, ela também sempre esteve presente nos saberes e crenças populares. E isso inclui tanto formas de Folk Magic da Antiguidade, quanto outras mais recentes, como Hoodoo. Um exemplo disso é o tradicional uso das Cascas de Nozes para curar pensamentos obsessivos. Essa prática, existente Hoodoo, dialoga com as idéias defendidas por Paracelso e, também, pelo trabalho tardio do Botânico Willian Coles. A Doutrina das Assinaturas se apresenta nesse caso pela semelhança que há entre o formato do cérebro humano e uma noz.

Uma forma de uso dela foi apresentada aqui em um outro artigo. Numa indicação de forma de uso para romper com laços mentais pós términos de relacionamentos, na verdade. Conforme consta no link: http://www.osortilegio.com/feitico-para-esquecer-um-amor/

 

Outro exemplo interessante desse pensamento dentro do Hoodoo é a correlação que fazemos entre as raízes de High John the Conqueror e sua aplicação na Magia. Ela é usada para prover liderança, coragem, bravura, virilidade e outras formas de empoderamento, sobretudo o masculino. A ideia se pauta na semelhança que a raiz de John Conqueror possui com o saco escrotal, depois de seca. Veja abaixo:

 

Sabe aquela expressão antiga, usada para se referir à coragem para a realização de um grande feito ou conquista? Expressão essa que vinculada a bravura e liderança a características estritamente masculina, o famoso “ter colhões”? Pois é… a ideia é parecida.

Mas a aplicação – ainda que inconsciente – das ideias da Doutrina das Assinaturas no Hoodoo não para por aí. No Hoodoo, o formato de alguns vegetais, legumes, flores e frutas é o critério que define a escolha dos mesmos para prática de Magia simpática. Sendo assim, temos o uso da Pera ou do Figo como representante do útero, nos trabalhos de bênção de fertilidade, cura e até mesmo de maldição. Da mesma forma, temos para feitiços de amor o uso da flor de Amor Perfeito, cujo formato é a exata representação do símbolo do coração.

 

Conheça mais algumas correlações na Doutrina das Assinaturas dentro do Hoodoo

 

Raiz de Lucky Hand (espécie de orquídea) – Assinatura: formato parecido com a mão humana. Uso: obter sorte em jogos de cartas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Pepino – Assinatura: formato semelhante ao pênis. Uso: malefícios para bloqueio da virilidade masculina.

 

 

 

 

 

Cacto – Assinatura: aparência hostil, capaz de gerar danos ao contato. Uso: trabalho de malefícios em manejo com Dolls.

 

 

 

 

 

 

 

 

Morango – Assinatura: semelhança com a figura símbolo do coração, coloração rubra relacionada à ideia do ruborizar de uma mulher durante o ato sexual. Uso: feitiços de paixão e atração sexual.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Amor Perfeito – Assinatura: formato idêntico à figura símbolo do coração. Uso: toda forma de trabalho cujo objetivo seja sensibilizar o coração de uma pessoa para o amor.

 

 

 

 

 

 

 

 

(Imagem: http://www.lemis.com/grog/photos/Onephoto.php?image=Photos/20120715/Viola-tricolor-2.jpeg&size=4)

 

Agora, se você ainda está descrente quanto a eficácia do uso dessas correlações em trabalhos de Magia, deixo abaixo o registro do antropólogo Sir. James Frazer.

“Os índios Cheroquis são peritos na botânica prática do tipo homeopático. Antes que seus guerreiros partissem para a guerra, os curandeiros da tribo davam a cada um deles uma raiz mágica que os tornava absolutamente invulneráveis. Na véspera da batalha, o guerreiro banhava-se numa água corrente, mascava um pouco da raiz e cuspia o suco no próprio corpo, para que as balas deslizassem pela sua pele como gotas de água. Alguns dos meus leitores talvez duvidem que isso realmente tornasse os guerreiros invulneráveis. Há um estéril e paralisante espírito de ceticismo, muito difundido hoje em dia (…) Em todo caso, a eficácia desse feitiço foi comprovada na Guerra Civil norte-americana, pois trezentos Cheroquis serviram no exército do sul, e nunca, ou raramente, foram feridos em ação”.

(FRAZER, James. O Ramo de Ouro. Tradução: Waltensir Dutra, Zahar Editores, 1982)

 

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