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O que torna uma Bruxa aquilo que ela é?

Recentemente, ouvi de uma pessoa que estava começando seus trabalhos na Magia um questionamento sobre se a Magia “era pra ela”. A pessoa veio aflita me perguntar se as coisas que ela havia vivido eram dignas de “torná-la” uma bruxa.

Ora, a primeira coisa que me veio na cabeça é que a bruxaria nunca serviria pra ela, se ela não se permitisse! E se não parasse de questionar a intuição que provavelmente a guiou esse caminho.

Quando me deparo com questionamentos como esse mencionado, eu percebo que certas crenças, que algumas pessoas associam à bruxaria, são muito limitantes. São crenças baseadas em estereótipos. E, por terem essa natureza, já se opõem ao caráter libertador e “marginal” da bruxaria. Por isso mesmo é que tais crenças precisam ser contestadas.

Dentre essas crenças, há também aquelas que se apresentam na visão da bruxa como sendo quase um ser mitológico. Só faltando nesse “modelo” a exigência de que o indivíduo seja capaz de voar.

Nessa perspectiva insólita, hora a bruxa “tem de ser” serena, defender a lei do retorno, dançar nua na floresta e falar com as borboletas. Hora ela “tem de ser” impulsiva seus atos, tempestiva em suas palavras e ainda bancar a trevosa.

 

A meu ver a bruxa não “tem de ser” nada, exceto tudo aquilo que ela quiser.

 

Me pergunto, inclusive, se, nos tempos ancestrais da prática da feitiçaria, as pessoas estavam preocupadas em assumir uma postura que lhes dessem um rótulo. Creio que não.

Vale dizer que a bruxaria é vista pelos principais estudiosos desse fenômeno como sendo um movimento que sempre andou na contra mão de alguns valores sociais. Então, por que agora a bruxaria tem de estar presa a estereótipos?

As pessoas estão muito preocupadas com modelos a seguir. Parecem que se fecham para o (re)conhecimento da singularidade que são como pessoas. Como se esses moldes fossem lhes dar algum mérito que talvez elas não consigam reconhecer em si mesmas.

 

Porém, creio que a questão seja de mais simples que esses questionamentos…

Se ouviu o chamado pra coisa, segue em frente!

Não questione não. Ao menos não no início!

 

É claro que o ato de questionar sempre nos conduz a uma mudança necessária ou ao fortalecimento de nossas certezas. Mas, quando a pessoa está lá, iniciando seus caminhos, estruturando sua nova forma de aplicar sua fé, construindo seu sistema de crença, e, muitas das vezes, imersa em inúmeros conflitos existenciais quanto a valores culturais, não sei se tal questionamento é algo útil.

Acredito que seja a utilidade do questionamento que dê importância ao mesmo.

Penso que o válido nesse início seja uma busca pelo autoconhecimento. Ou seja, todas as suas habilidades que estão lá, inatas, e que podem ser desenvolvidas com seu foco e sua fé. E, quando eu digo habilidades inatas, eu estou afirmando que todos possuímos habilidades. Algumas mais desenvolvidas e para as quais possuímos maior aptidão que outras. Além disso, algumas pessoas terão um olhar mais atento para essas habilidades. Outras passarão por elas na vida sem se quer percebê-las.

Além disso, por hora, esqueçam os títulos!

 

Digo isso porque ninguém precisa de um pedaço de papel ou um rótulo social pra se tornar alguma coisa. Você não precisa de títulos que atestem seus dons.

Afinal, de que adianta o indivíduo se preocupar na construção da perspectiva do outro sobre ele mesmo se, na prática, ele não resolve nem os menores problemas de sua própria vida?

O mundo espiritual não te dá “créditos” e “milhas em viagens” se você passou por uma iniciação. Esse é apenas um compromisso seu com sua fé, com seus Deuses.

Outra questão a ser pensada também é que as práticas associadas à bruxaria são muuuuuito mais antigas do que as que se popularizaram do medievo pra cá. Então, devemos ter em mente que nem sempre, ao longo da história desse fenômeno, ele esteve vinculado a ritos iniciáticos.

De forma alguma estou contestando o valor espiritual de um rito iniciático. Que isso fique bem claro! Porém, faz-se necessário ter em mente que um rito não te torna nada além daquilo que você se empenhe em ser de fato. Então, mais uma vez, nos voltamos para um processo que trabalha nosso interior, e não o lado de fora.

Na prática da Magia, de uma forma mais geral, basicamente estamos lidando com uma porta que dá acesso a um universo. Abrir a porta para olhar o outro lado é ter a certeza de que o outro lado também olha pra você! E, reparem, eu disse que esse outro lado olha “pra você”, e não “por você”. Além disso, nesse outro lado, meus caros, o que vale é o que você faz e é, e não aquilo que os outros acreditam que você seja.

 

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