0
2 Em Receituário/ Reflexões

Magia de Empoderamento: a verdade que queremos ver

Quando se fala de Magia de Empoderamento sempre me vem à cabeça a ideia da “verdade que queremos ver”. Isso porque algumas pessoas não criam a sua realidade (embora possam) porque não acreditam que esse poder criativo, “mágico”, possa ser real. Outras pessoas, porém, criam magicamente coisas em suas vidas porque acreditam que esse poder seja real.

Eu penso que o mesmo ocorre com aquilo que acreditamos que somos capazes de fazer em nossa vida no dia a dia. É por isso que eu digo que a nossa idéia de capacidade, aptidão ou beleza pessoal se assemelham à crença na eficácia da Magia. Em ambos os casos trata-se da “verdade que queremos ver”. Ou seja, trata-se, apenas, de uma perspectiva sua sobre você, e não necessariamente sobre a realidade de fatos.

Eu levei um tempinho para formular essa postagem sobre Magia de empoderamento. A necessidade de falar sobre isso surgiu a partir de um pedido de uma leitora aqui do jornal. Essa mulher, que por sinal é lindíssima, me confessou ter um problema relacionado à autoestima. E me pediu algo dentro do universo da Magia para começar a trabalhar internamente essa questão.

Eu sabia exatamente o que dizer a ela. Mas, era tanto a dizer, que não dava simplesmente pra resumir em um texto tipo “anota esse feitiço e faz pra você”. Então, agora vou analisar de forma mais abrangente essa questão e expor as origens e possíveis passos a serem dados na quebra dessa crença limitante.

 

 

Fatores sociais que contribuem para construção de uma perspectiva desacreditada

Falar o quanto as mulheres se sentem castradas nessa sociedade que tenta impor um “modelo de mulher” fora do real é um bom começo. Mas, devo antecipar que o foco do trabalho com a Magia de empoderamento não esteja em olhar para fora. Vamos observar a origem das coisas.

Mesmo para as mulheres mais novas, que não tem tantas responsabilidades com filhos, casa, família, contas, ainda sim há várias cobranças. Querem que você seja educada, inteligente (mas não muito), questionadora (mas só até certo ponto), sexy (mas fora dos limites do que pode ser tido vulgar), ousada e “livre sexualmente” (mas só pra servir pra “pegação”). Cara… ser mulher é viver em um paradoxo de valores sociais! Qualquer coisa que fuja de padrões, seja para mais ou para menos, gera um desconforto social.

Todas essas exigências sociais tendem a colocar a mulher muito distante de si mesma. Olhando sempre pra fora e pouco pra dentro de si… para seus desejos e necessidades reais.

Voltada para as exigências sociais fica difícil para a mulher olhar para suas reais características e habilidades. Fica difícil escolher qual habilidade usar em cada situação da vida. E, principalmente, fica difícil saber como empregar suas habilidades de forma eficiente.

Nessa confusão muitas mulheres se vêem como uma massa moldável de características que não lhes servem pra nada, nem para elas mesmas. Nessas horas é que elas se perdem por completo de si e entram num sistema de autocrítica severo. Um sistema modulado para ser tão crítico quanto a própria sociedade a ensinou a ser. Nesse modelo, nada é bom, nada em si é o bastante.

 

A pior forma de agressão ou castração

é aquela cometida por sua impotência frente aos fatos.

 

Como eu disse, a questão, porém, não é olhar para fora e concluir o quanto as mulheres já foram oprimidas socialmente. Não que isso não seja importante. Pois de fato é! Mas a questão aqui é olhar para dentro e se descobrir, apesar de. É olhar para seus valores e desejos independente de padrões, modelos ou opressões externas.

Porque, minha cara, toda forma de castração é abominável. Mas a pior delas é aquela que você pode fazer em você mesma.

 

Modelos limitantes de outrora

Se você pensar a bruxaria como prática (e não como religião) observamos mulheres marginalizadas. Na época em que viveram, as mulheres tidas como bruxas não eram vistas como uma mulher a frente de seu tempo. Elas foram vistas dessa forma somente depois, quando as gerações futuras revisitaram a simbologia relacionada ao papel social dessas mulheres em relação a seu tempo.

Em sua época, a bruxa era uma marginal, ou seja, estava à margem da sociedade. Os conhecimentos recebidos e a forma de vida lhe tiravam da inserção completa na sociedade.

Contudo, não vá concluindo, como vejo muitas pessoas afirmando por aí, que a bruxa possuia um papel “transgressor” para seu tempo.

Na Idade Média, durante a inquisição, as mulheres levadas para julgamento eram cristãs. Porém, não se mantinham dentro daquilo que era socialmente aceito para a conduta da época. De fato os julgamentos acabavam voltados para as mulheres marginalizadas.

Contudo, devemos lembrar que essas mulheres eram consideradas hereges. A idéia do tribunal da Inquisição não era punir quem fosse de outra religião, a idéia era retificar a conduta das pessoas dentro da religião cristã.

Isso quer dizer que essas mulheres acusadas de bruxaria não tiveram um papel transgressor para seu tempo. Elas eram cristãs e a própria fé cristã era extremamente rígida e castradora nessa época. Essas mulheres foram marginalizadas pelo próprio sistema religioso ao qual provavelmente tentavam se incluir.

 

Rompendo com a crença limitante

É preciso romper com esse modelo de estar à margem da sociedade… seja em que época for! É preciso transcender para a liberdade, sendo o que você quiser ser e quando você quiser. É preciso ser como algumas Deusas antigas, aquelas que ainda hoje representam figuras temidas e evitadas. Pois são essas  mesmas Deusas que, de fato, representam a liberdade e poder feminino.

Sugiro que você encontre a origem ancestral da sua essência feminina e abrace essa origem.

Você pode encontrar tal essência em modelos ancestrais que sustentam a idéia de que a mulher pode ser o que ela é. Modelos Sagrados, ligados a arquétipos de mulheres que “dizem”:  “Gostou? Ótimo! Não gostou? Lamento, mas vou te decepcionar… para não decepcionar a mim mesma”.

Isso me faz lembrar da imagem que se encontra em algumas Igrejas e castelos na Irlanda e Grã-Bretanha, as Sheela-na-gigs. Entalhadas em pedra vemos a figura de uma mulher de seios caídos, segurando seus grandes lábios e abrindo sua vagina.

 

 

 

 

(Imagem de uma Sheela-na-gig, Dunaman, Co Limerick)

 

 

Alguns estudiosos sustentam que essa figura representa a mulher imersa em seu caráter pecaminoso e luxurioso. Imagino o quanto tal imagem deixava constrangidos os cristãos da época. Assim como deve ter constrangido pessoas de muitos outros séculos posteriores. E, acredito eu, que ainda hoje a imagem seja perturbadora para muitos.

Se considerarmos uma sociedade como a nossa, altamente sexualizada, mas que, paradoxalmente, é altamente conservadora, uma imagem dessas seriam um escândalo se criada nos dias de hoje. Afinal, vivemos num país onde peitos sensualizados são permitidos, mas os maternalizados na amamentação não. Imagine a sensação de repulsa que os seios flácidos e caídos de Sheela-na-gig não causaria no público?!

Contudo, a imagem de Sheela-na-gig não me vem apenas como um modelo transgressor. Mas como um modelo que vê o feminino e a feminilidade como algo sagrado.

 

Pra mim, a Sheela-na-gig traz um modelo de inspiração.

 

Eternizada na dureza da pedra, as Sheela-na-gigs nos trazem um convite para ignorar o olhar sobre a superfície. Elas nos revelam um convite a mergulharmos na profundidade e escuridão de nossas almas, nas origens de onde viemos, para, assim, entendermos nosso lugar nesse mundo.

Voltando ao fio da meada que originou toda essa postagem, ou seja, a Magia de empoderamento. Digo a você com meu coração: Por favor, não desperdissem vida achando que não conseguem ser o quiserem ser. Simplesmente sejam. Eu já disse aqui em outra postagem, mas vale repetir:

Não importa o quanto te digam o que “você pode” ou que “você é”. Somente você é capaz de decidir se vai ou não acolher a afirmação pra você, e ser aquilo. É você que decide se vai se portar tentando se enquadrar na sociedade, à margem dela ou livre das amarras dela.

 

Você só tem uma vida pra deixar que a sociedade decida o que você tem de ser.

 

Eu sei que não dá pra romper totalmente com questões sociais e que, invariavelmente, você vai decidir romper com algumas crenças limitantes mas vai manter outras.

No entanto, o mais importante é saber que você pode abraçar com maestria suas escolhas, ainda que elas choquem os outros. Ou ainda que elas sejam um desafio pra você. Ao invés de fazer escolhas que, na verdade, servem para te punir, para te colocar na condição do “não consigo”, “não posso”, “não sei como fazer”. Faça escolhas e em seguida se mantenha firme para seguí-las.

Digo isso porque é importante que você entenda que, muitas vezes, será necessário pagar um preço para alcançar a mudança que se deseja. Na maioria das vezes é o preço é sair da zona de conforto e fazer o que tem de ser feito.

Não se trata de fazer escolha para se colocar em padrões sociais. Trata-se de assumir a postura que sua alma anseia que você assuma. Mas que, você não assume por estar preso a algumas crenças limitantes.

 

A Magia de Empoderamento

É claro que não será somente um ritual de Magia que irá te transformar da noite para o dia naquilo que sua essência deseja vivenciar. Contudo, “ritos de passagem” são sempre boas ferramentas para dar o passo inicial em nossa consciência.

A Lua Nova vai chegar, e com ela um excelente período para finalizar ciclos e iniciar novos projetos. Até lá, reflita sobre aquilo que você tem sido hoje. Pense no que te separa do exercício dos seus sonhos e da pessoa que você é. Pense no que te afasta dos seus dons, suas aptidões e qualidades. Analise os motivo e argumentos que você coloca pra você mesmo. Suas auto limitações.

Escreva em uma folha de papel todos esses dados, com detalhes. Reserve.

 

Para esse Rito você vai precisar de:

  • 4 velas vermelhas simples
  • Óleo John Conqueror
  • O papel que escreveu, conforme descrito acima
  • O composto de Ervas para Banho Sensualidade feminina
  • Cascas raladas de 3 limões e postas para secar, durante 1 semana, em papel manteiga
  • Um caldeirão ou panela para queima
  • Carvão e álcool para acender seu caldeirão

 

Passo a Passo para o Rito de Empoderamento

Inicialmente, tome um banho ritual com as Ervas para Banho Sensualidade Feminina. Ou, se você for homem, e se identificou com a questão de transcendência de limitação pessoal exposta aqui no texto, use as Ervas para Banho Potência e Conquista. Esses são, antes de tudo, banhos de empoderamento pessoal.

Apague as luzes e sente-se sem roupas e de frente a um espelho, tendo o seu caldeirão e as velas vermelhas. Use um espelho no qual você veja todo o seu corpo. Vai estar bem escuro, eu sei.

Acenda seu caldeirão, conjure as cascas de limão para que cortem seus vínculos com essas correntes mentais que te limitam e entristecem. Enquanto vai jogando as cascas de limão queime o papel com as anotações que você fez. Enquanto isso, vá mentalizando, desejando que essas limitações virem cinzas em sua vida. Sejam reduzidas a pó.

Após queimar, escreva na vela com um alfinete . Para cada vela escreva uma qualidade sua. Qualidades que você já possui e algumas que você deseja desenvolver (escreva da base da vela para o pavio).

Vista cada vela, uma por uma, da base para o pavio, com o Óleo John Conqueror. Posicione as velas formando um quadrado ao seu redor, porém, um pouco distante de você. Você será o centro deste quadrado. Acenda uma vela de cada vez mentalizando o desenvolvimento dessas novas qualidades. Mentalize a aquisição e plenitude dessas habilidades, desse poder pessoal em sua vida.

Pingue algumas gotas do óleo em suas mãos. Esfregue uma na outra e passe esse óleo sobre sua testa, sobrancelhas e parte superior da cabeça.

Feche seus olhos e sente-se virada para o espelho. Visualize-se agindo no dia a dia com as qualidades que você escreveu na vela. Visualize-se fazendo as coisas relacionadas com as qualidades que você escreveu na vela.

Vivencie esse momento no seu painel de criação mental, ou seja, na sua mente. Você pode meditar sobre isso ou experimentar visualizações criadoras em sua mente.

 

Abra seus olhos e diga, olhando pelo espelho o fundo dos seus olhos, que você possui as qualidades ali mencionadas. Faça um momento de autoexaltação e autoafirmação.

 

O ato de olhar no fundo dos seus olhos nesse rito é muito significativo. Os romanos afirmavam que os olhos eram as janelas de nossas almas (oculus anime index). E é exatamente por isso que você deve, nesse momento, olhar-se profundamente no espelho. Para buscar no fundo de si a sua verdadeira identidade, seu verdadeiro Eu, dotado de suas habilidades e poderes inatos.

Na hora de escolher as frases de autoafirmação, dê preferência a frases afirmativas e com verbos no tempo presente.

Ao invés de dizer: “Eu não vou mais sabotar minhas escolhas” ou “A partir de agora eu só farei boas escolhas”,  prefira: “Eu faço escolhas e tenho perfeita habilidade para lidar com elas”.

Enquanto aguarda a queima da vela, faça coisas prazerosas pra você, como hidratar seu corpo, se maquiar, dançar, cantar uma música que goste muito, ler um livro ou se arrumar pra sair… Algo pra você!

O momento de visualização de você mesmo em sua versão “verdadeira” é muito significativo. Ele me lembra uma frase do escritor e poeta português Fernando Pessoa.

 

“É em nós que as paisagens têm paisagem.

Por isso, se as imagino, as crio;

se as crio, são;

se são, vejo-as…

A vida é o que fazemos dela”

Muita paz e muita luz pra você!

 

You Might Also Like

2 Comentários

  • Reply
    Bohuslava
    29 de março de 2018 at 22:40

    Moc zajímavé,informace které rozjasnění ?

    • Reply
      Jess
      31 de março de 2018 at 14:29

      Precisei usar um tradutor para ler seu comentário, Bohuslava. Afinal, eu não entendo seu idioma! Mas adorei seu elogio. Inclusive fiquei surpresa que pessoas de lugares tão distantes do Brasil estejam acompanhando as postagem aqui do site!
      Seja bem vindo!!! ?

    Deixe um comentário para Bohuslava Cancelar comentário

    error: Content is protected !!
    pt_BRPortuguese